domingo, 13 de novembro de 2011

AROLDO ARAÚJO

MUITA GENTE tem o que aprender, em matéria de propaganda, com Aroldo Araújo. Vivemos na terra em que qualquer um pensa entender de publicidade. Há empresas que não chamam expertos (Expertos mesmo, com x, Edu, vê lá!...), porque há empresários que se julgam melhores que os profissionais da divulgação. Em conseqüência, eles, os comerciantes, bolam, em casa, com a família, slogans, jingles, cartazes etc. E, depois, se queixam de que suas vendas não aumentaram...

No Brasil, já se orienta a propaganda com a mesma perfeição, a mesma técnica, a mesma eficiência dos países mais desenvolvidos. Porque nenhuma publicidade pode ser feita de orelhada, com textos ditados à secretária, sem métrica, sem mensagem, sem estudo. Todo anunciante que faz isso fica no mesmo. Joga o dinheiro fora e a propaganda nada lhe rende...

Antigamente, o corretor de publicidade procurava o patrocinador como quem ia pedir um favor. Hoje, as agências fazem bons negócios para os seus clientes e oferecem vantagens.

Mas seria longo demais seguir por esse caminho. Fiquemos em Aroldo Araújo, que é dos mestres no assunto. Raro o dia em que não recebo avisos seus de que está na praça, numa ativa de vanguarda, doutor em promoções. Fez da bússola a marca de sua agência e, por conseguinte, sabe orientar-se e orientar sadiamente o público e anunciantes.

Em minha mesa de trabalho, tenho a presença de Aroldo Araújo por todos os lados. Como eu, dezenas (talvez centenas) de admiradores de seu talento de publicitário. Aroldo me enviou, há tempos, uma bússola de verdade. Agora, em bronze, uma rosa-dos-ventos. Quando me sento para escrever, sei que tenho o norte na omoplata esquerda. Então, dou o lado direito para o sudoeste e bato com os dedos na Olivetti que fica a sudeste.

Claro que o leitor não acha que eu escreva melhor por isso, mas é sempre uma satisfação verificar que a porta do corredor fica ao sul e a porta da rua a leste. Minha janela de cinco metros tem um canto no oeste e outro no noroeste. Escrevo perfeitamente orientado, graças a Aroldo Araújo.

E o homem de propaganda é aquele que cerca a gente pelos sete lados, como se fazia com o milhar, nos tempos em que havia jogo-de-bicho.

TELHA SOLTA

GHIARONI – Prepara-se o novelista, poeta, escritor de rádio e de televisão, Giuseppe Ghiaroni, para ser avô. Vai casar-se Regina. O noivo é Jorge Sanseverino. O ato será em Areal, no dia 29 próximo, às 16h30min, na Matriz de Nossa Senhora das Dores. Curioso ver como o tempo corre quase tanto quanto motorista de táxi de empresa. Este Iolando era companheiro de trabalho de Ghiaroni, na Sidney Ross, quando ele se casou. Parece que foi ontem, mas sua paz conjugal já vai para as bodas de prata e nossa amizade completa um quarto de século, de bem-querer, de companheirismo. Vi a cara feliz de Ghiaroni, quando nasceram Marina e Regina, e espero ver Ghiaroni avô, deseducando os netos – porque a função de avô é deseducar pelo excesso de ternura...

ÁGUA-FURTADA

DEPOIS de longa ausência, regressou ao Brasil o escritor Christovam Camargo, que fundou, em Buenos Aires, o Instituto Argentino-Brasileño de Cultura. * ARTHUR Dubeux, professor e advogado, entusiasmado com o Centro de Estudos Universitários, que acaba de criar em companhia do Prof. Carlos Eduardo Guimarães, na Av. N.S. de Copacabana, ..., sala ... *VOLTOU à chefia da agência do INPS, da Rua Raimundo Corrêa, Artur Carlos da Silva. Dos mais dedicados e competentes funcionários da Previdência Social, seu afastamento, embora temporário, foi grandemente lamentado por segurados e pelos que ali trabalham. Artur é garantia de bons serviços e de organização. *E LEIAM: O Visconde Partido ao Meio, de Ítalo Calvino, dos mais importantes escritores italianos da atualidade. Esse livro integra a trilogia intitulada Nossos Antepassados, da qual também fazem parte O Cavaleiro Inexistente e O Barão Rompante. Apresentação e tradução de Joel Silveira. Lançamento da Expressão e Cultura.

(In Telhado de Vidro. Publicado no Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 13 de novembro de 1970)

(Obs.: Edu era um dos revisores do Diário de Notícias. O número do endereço citado em uma das notas foi omitido nesta publicação.)

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