quarta-feira, 1 de abril de 2015

1° DE ABRIL

Abril (do latim aprilis, aperire, abril) começava o ano. Era o segundo mês de Rômulo. Os gregos o colocaram sob a proteção de Apolo, enquanto os romanos o consagraram a Vênus. Em fins do século XVI, abril deixou de abrir. Em 1564, Carlos IX, da Franca, filho de Catarina de Medicis, determinou que o ano se iniciasse a 19 de janeiro. Surgiu daí o hábito de se armarem pilhérias a 1º de abril...
Os franceses, que chamam a data de Poissons d’avril, passaram a enviar felicitações, presentes irrisórios e notícias falsas aos que se não conformavam com a inovação. E o 1º de abril, por isso, ficou dedicado à mentira...
Houve farsas que se tornaram célebres. Mistificadores ganharam fama, como Alphonse Aliais, Vivier e Monnier, o autor das Memórias de Joseph Prudhomme. E esse costume de mentir no 1º de abril veio parar no Brasil...
No começo da República, O Fígaro, jornal de Medeiros e Albuquerque, defendia acaloradamente o novo regime. A 19 de abril de 1890, quando mais fervilhavam os boatos de volta ao antigo sistema de governo, e quando mais os oposicionistas combatiam o Marechal Deodoro (o 1º marechal que ocupou a Presidência nossa de cada dia), aquela publicação estampou notícia pormenorizada sobre a restauração da Monarquia, com inúmeros comentários jocosos a propósito dos políticos do Império. Muita gente acreditou. E até um delegado de polícia de pequena cidade mineira, que aderira à República, hasteou a bandeira do antigo regime na fachada de sua casa. Ah, certos mineiros!...
Enfim, a 1º de abril de 1964, houve uma revolução para salvar o Brasil...

(in Telhado de Vidro, volume I; Editora Bradil, Rio de Janeiro, 1967)


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